quarta-feira, 9 de junho de 2010

Crônica da viagem

Viajar sozinha com o Rio num trânsito fora do comum parece horrível, e é! Juro que não tem nada de legal gastar mais de 2h num percurso que normalmente gasta-se 1h e um quebradinho. Mas essa saga até que foi legal... parei pra observar as pessoas.
O motorista deu boa tarde com seu sorriso malandro no rosto, mostrou-se nervoso com o trânsito daquele dia, mas nada o tirava do sério. A cobradora parecia serelepe, risonha e divertida me deu o troco e falou do frio.
Sentei em uma janela qualquer. Olhei pro lado de fora, um ambulante me olhou e eu li seus lábios: "Oi, princesa!", com um sorriso branco e sem compromisso, livre. Fez um gesto como se fosse tirar o chapéu imaginário e o sinal abriu, o ônibus se foi. Abri meu melhor sorriso e nunca mais o vi.
No próximo ponto entrou uma velhinha, bonitinha, cheia de graça e simpatia. Religiosa, pegou seu terço na bolsa e foi rezando.
Agora quem chegou foi um cara carrancudo, com uma barriga que parecia ter engolido uma melancia inteira. Passou seu RioCard e foi se coçando pro fundo do ônibus, acomodou sua gorda bunda numa poltrona do corredor e caiu no sono, de boca aberta. Só acordou com o susto de seu celular berrando.
Nada de muito diferente das outras viagens, crianças fazendo bagunça no caminho pro colégio, gente indo trabalhar, gente indo pra algum lugar!
Mas entrou uma mãe e uma filha. Ela sentou e a filha foi no seu colo. Elas brincavam uma com a outra, e comunicavam com risadinhas, olhares e gestos. Quem tava por perto achava graça da pequena menina e suas risadas gostosas de se ouvir... Outros olhavam a bela mãe. Mas ninguém observava as duas como uma só. Eu observei. Ver uma sem a outra não era tão bonito quanto as duas juntas. A mãe encostava na barriguinha da filha e ela se deliciava numa cosquinha. A menina tentou sair do colo pra explorar aquele lugar estranho e a mãe olhou firme pra ela, e ela sorriu. Mexeu em tudo que estava ao alcance de suas mãozinhas... O lugar pra onde elas iam chegou, a mãe levantou com seu embrulhinho cor de rosa, desceram do ônibus e foram andando, com a brincadeira de sintonia inacabavél entre mãe e filha.
Mais algumas pessoas chegaram e outras saíram, nada relevante. E chegou a minha hora de ir embora, quem desce agora, sou eu!

Um comentário:

  1. Baby Woman,
    adorei o seu olhar de observadora em um dia que pode ser 'banal'
    mas para olhos que observam o dia se torna tradução de liguagem que a gente quer do mundo!
    assim como fez você ao escrever com "um quê" de especial em todas as situações dessas pessoas!

    vá em frente!explore!
    beijos

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